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sexta-feira, 19 de julho de 2019

Curitiba - Ave incomum é registrada em reserva natural na Região Metropolitana

A distribuição da ave é restrita ao bioma Mata Atlântica e está associada a florestas de altitude, como a Floresta com Araucária. Créditos: Romulo Silva/SPVS. 

A presença de uma espécie bastante incomum de ave de rapina, o gavião-de-sobre-branco (Parabuteo leucorrhous), foi registrada durante uma atividade de campo na região da Lapa. O município paranaense conhecido por sua riqueza cultural e histórica, também abriga importantes áreas de patrimônio natural. Apesar de não ser uma espécie ameaçada de extinção, a distribuição da ave é restrita ao bioma Mata Atlântica e está associada a florestas de altitude, como a Floresta com Araucária, por exemplo. “Com o atual cenário dos remanescentes de Floresta com Araucária no Paraná, que em bom estado de conservação restam apenas 0,8% da área ocupada originalmente, não há sombra de dúvidas que a perda desse tipo de habitat corrobora para tornar o registro da espécie nesse ecossistema cada vez mais raros”, explica o técnico da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Romulo Silva.

Gavião-de-sobre-branco (Parabuteo leucorrhous) é registrado pela primeira vez na Lapa  
Além disso, outra espécie de gavião também foi avistada, o gavião-de-cabeça-cinza (Leptodon cayanensis), uma espécie que, durante a sua fase de desenvolvimento, tem a capacidade de se assemelhar a outro gavião de maior porte. “Esse processo na ecologia é conhecido como mimetismo e acontece por meio da modificação na coloração das penas, mas ao atingir o amadurecimento a sua plumagem retoma as cores originais da espécie. É uma estratégia evolutiva utilizada por esta espécie para se proteger de outros predadores. No caso do jovem gavião fotografado, o indivíduo mimetiza um gavião-pato (Spizaetus melanoleucus), pela imagem de forte predador que este último representa”, explica Silva. 

Mesmo com ampla distribuição pelo território brasileiro, esta espécie nunca havia sido registrada na localidade. Ao todo, 28 espécies de rapinantes já foram avistadas na reserva. A área abriga outras espécies de animais, muitas vezes em situação vulnerável, como a onça-parda (Puma concolor) e a jaguatirica (Leopardus pardalis). 

O registro de animais deste porte, que compõem o topo da cadeia alimentar, indica que os remanescentes florestais da região se encontram em um bom estado de conservação, fortalecendo o potencial turístico da cidade, conhecida como um importante centro histórico nacional. Além disso, a manutenção da reserva é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de ações de educação para conservação da natureza e de pesquisas científicas. Quem visita o local, tem a oportunidade de aprender sobre a importância das unidades de conservação e o seu papel para a qualidade de vida e bem-estar humano. 

Área natural adotada

Áreas naturais como as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), mantidas pelo desejo voluntário de seus proprietários são também importantes ‘áreas de conexão’ responsáveis por conectar habitats fragmentados junto a outras unidades públicas e particulares. “Essas áreas são fundamentais porque ajudam a reduzir os impactos negativos da fragmentação causada pelo movimento cada vez mais intenso de urbanização. O local é uma das regiões de Floresta com Araucária mais bem conservadas do Paraná e desempenha um papel essencial para que muitas espécies consigam cumprir o seu ciclo de vida”, ressalta o técnico em conservação da natureza da SPVS, Felipe do Vale. 

A reserva conta com o apoio do Programa de Desmatamento Evitado (PDE), desenvolvido pela SPVS há 15 anos. O Programa, que conecta proprietários de áreas de vegetação nativa e empresas interessadas em apoiar iniciativas de conservação da biodiversidade, atua com atividades de campo e monitoramento da biodiversidade na reserva. O PDE também funciona como uma importante e inovadora metodologia de Pagamento por Serviços Ambientais e Ecossistêmicos – instrumento que considera o valor dos serviços prestados por áreas de vegetação nativa preservada como um patrimônio social e econômico. 


Fonte: Página 1 Comunicação 

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