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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Opinião - Segurança Hídrica e Meio Ambiente

No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado neste dia 05 de junho, o blog abriu espaço para tratar de opinião. Confira o artigo do ex-deputado federal e ex-presidente do Conpam, agora Sema, Paulo Henrique Lustosa.

Artigo

Segurança Hídrica e Meio Ambiente

Chegamos à semana do meio ambiente alarmados com a gravidade da situação da oferta de água no Estado do Ceará, em todas as suas dimensões. Governos, empresários, produtores rurais, irrigantes, assentados e mesmo as donas de casa estão sentindo o desafio que se apresenta.

A quadra chuvosa chega ao fim e praticamente 75% dos açudes cearenses estão com menos de 30% da sua capacidade. De acordo com a CAGECE já são 34 os municípios cearenses que estão sofrendo algum tipo de racionamento no abastecimento domiciliar e, de uns tempos para cá, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário vem recomendando aos produtores dos perímetros irrigados que abandonem as sazonais muito dependentes de água por outras com menor demanda hídrica. E ainda temos um longo verão pela frente!

As prefeituras, o Governo do Estado e os legislativos aproveitam a chegada do 5 de junho para alertar para a importância do consumo consciente da água, para realizar limpezas de orlas, rios e lagoas e para tentar envolver a sociedade cearense em uma tarefa que precisa de todos. Entretanto, por mais que campanhas, mobilizações e eventos sejam importantes, mais precisa ser feito.

Um passo é o reconhecimento que a questão da segurança hídrica é um desafio para o desenvolvimento global. Pode parecer a mesma velha retórica, mas a crise vivida no Centro Sul do País, mostrou que este não é um problema restrito ao semi-árido ou um problema nordestino, é um problema que precisa de uma resposta nacional, no marco de uma estratégia de desenvolvimento sustentável ainda maior.

A sociedade tem que participar, mas os governos precisam agir! O Governo Federal precisa, urgentemente, reaparelhar e aproveitar da experiência do DNOCS, que apesar de localizado no Ceará é um órgão nacional, como diz o N da sua sigla. Os órgãos ambientais, especialmente a SEMACE e o IBAMA, precisam dedicar maior atenção à questão hídrica nos seus processos de gestão do meio ambiente, a COGERH precisa aprimorar seus instrumentos de gestão de bacias hidrográficas e a CAGECE e os sistemas autônomos municipais precisam diminuir perdas, combater desperdícios e educar os consumidores.

Políticas de incentivo e punição precisam ser melhor calibradas, não apenas para os consumidores domésticos, mas principalmente para os grandes consumidores industriais e agroindustriais. O Estado precisa de dispor de incentivos – fiscais, tributários e financeiros – para as empresas se disponham a reciclar e reutilizar água. Também precisamos avançar na discussão de mecanismos de remuneração dos chamados “produtores de água”, tudo isto e muito mais precisa ser feito, e com urgência.

O mais importante, entretanto, é partirmos de uma base comum. A gestão das políticas ambientais é, por definição, a gestão permanente de conflitos de interesse que nascem da tensão entre desenvolvimento e conservação. Adotemos a água como ponto de partida para a mediação e solução de conflitos, ou seja, na dúvida optemos pela solução que garanta água para a nossa e para as próximas gerações.


Aproveitemos o dia do meio ambiente para refletir sobre isto.

Paulo Henrique Lustosa 

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